terça-feira, 9 de junho de 2015

Boiadeiros... uma história

Boiadeiros... uma história

A força econômica do Brasil Colônia residiu em muito nos engenhos produtores de álcool e de açúcar, utilizando a força animal; do boi por excelência, equivalente nos dias de hoje ao indispensável motor elétrico.

Para cuidar das boiadas e de outros animais do pasto, nasceu dessa atividade um tipo característico conhecido pelo nome de Carreiro ou Boiadeiros.

O Boiadeiro é antes de tudo um homem forte, másculo, jovial, ingênuo, respeitador, valente, namorador, sincero, companheiro, resistente, trabalhador e muito festeiro. Suas propriedades se restringem ao cavalo de sua predileção, a sua rede tarimba de capim seco, um céu cheio de estrelas e uma viola dependurada na parede da taipa, testemunha plangente dos ardores e dos cantares.

Freguês acatado dos alambiques de todas as religiões, sua “prova” é disputada e, de acordo com seu gosto, garante a fama da cachaça local;.

Sua exclamação “arre égua” complementada pelo “esta é boa!”, é selo de qualidade, daí passa para a mistura de mel e gotas de limão e, lambendo os beiços, esperto se despede:

“Adeus, meu camarada, até de repente, até outro dia, até outra hora...”

É contumaz tocador de viola, compulsivo dançador, cantador, súbito nos repentes, sem contar com chistes e provocações certeiras, maliciosas, mas sem dano maior à responsabilidade de quem quer que seja. Sua prenda maior, além da “menina do sobrado”, é ser amigo de todos, bornal sempre aberto a qualquer camarada que precise da rapadura, do jabá, da farinha e do imprescindível cigarro de palha.

Não se ilude com a posse das boiadas, das fazendas e estâncias do patrãozinho terreno. Sabe perfeitamente que dono definitivo é Zambi, Vaqueiro-mór, proprietário de tudo que existe na terra e no céu.

Desencarnado, aprendeu com a religião de Umbanda muitas coisas...

Hoje, num passe miraculoso, sai da campina astral e manifesta-se nos milhares de Terreiros, levando para todos energia e orgulho pátrio. Mas também vê com tristeza que os “bóias-frias”, os “sem terra” explorados, espoliados, são parte de sua família, são manadas de almas à mercê dos latifúndios, multinacionais impiedosos, na gana de imperializar os bens produtivos de terra, bem comum de todos os brasileiros.




extraído de http://esotericos-len-lhor.blogspot.com.br

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