Os boiadeiros são espíritos hiperativos, valorosos, descontraídos, diretos, mas de poucas palavras e sisudos, que atuam como refreadores do baixo astral. São aguerridos, demandadores e rigorosos com os espíritos trevosos. São os peões boiadeiros habilidosos, valentes e de muita força física. Chegam bradando ê, boi! Ou Jetuá! Seus campos de ação são os caminhos (Ogum) e o tempo ou as campinas (Oiá). O laço e o chicote são suas armas espirituais, mistérios usados como refreadores dos investidas das hostes sombrias de espíritos do baixo astral. Com seus laços, os boiadeiros criam verdadeiras espirais, laçando eguns e quiumbas paralisados em seus negativos e perturbadores dos encarnados.
Esses espíritos foram mamelucos, cafusos e mulatos, sofreram preconceitos como os “sem raça”, sem definição de sua origem. Representam a própria miscigenação do povo brasileiro, a coragem, a liberdade, a determinação e o convívio harmonioso com os animais e com a natureza.
Seu arquétipo é “a figura do mítico peão sertanejo, do tocador de gado” ... Usam seus conhecimentos ocultos, “ para auxiliarem as pessoas nos momentos mais difíceis de suas “ travessias” pela evolução na matéria. O arquétipo é forte, impositivo, vigoroso, valente e destemido ...” São espíritos que em suas últimas encarnações, praticamente viveram sobre o lombo dos cavalos. “ Eram vaqueiros, domadores de cavalos, soldados de cavalaria etc.
A linha dos Boiadeiros é sustentada em um dos seus mistérios por Ogum, e a alusão aos cavalos, ao tocar da boiada, ao laçar e trazer de volta o boi desgarrado do rebanho, o atolado na lama, o arrastado pelos temporais, o que se embrenhou nas matas e se perdeu, o que foi atravessar o rio e foi arrastado pela correnteza etc., tudo tem a ver com o trabalho realizado por esses destemidos espíritos...”:
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Os boiadeiros são combativos, cortadores de magias negras e conhecedores de remédios, ungüentos, pastas de ervas, plantas, curas, mirongas, feitiços e magias. São excelentes para a limpeza e descarrego dos terreiros, afastando obsessores, estabilizando o ambiente e as energias, dando ordens, com seus brados, para os espíritos se retirarem, mantendo a disciplina no terreiro.
Essas entidades representam a natureza desbravadora, romântica, simples e persistente do homem do sertão: boiadeiros, laçadores, tropeiros, peões, vaqueiros, romeiros, tocadores de viola.
texto de Mãe Lurdes de Campos Vieira
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